segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Carta de uma flamenguista ao amigo PC botafoguense

Domingo, 21 de fevereiro de 2010 9h 32 _Havia decidido dedicar todo o dia a mim mesma. Em casa, sem telefone ou tv. Os arcaicos e por mim amados vinis ecoaram com seus rangidos levando-me ao saudosismo durante toda a manhã e parte da tarde, alternando com os modernos cds e mps, histórias em forma de música, muitas das quais fizeram-me paginar na memória momentos muito bons e outros nem tanto. Passando pela infância, adolescência, juventude até os dias atuais, entre o último e a maturidade.
O êxtase e o contentamento eram tão profundos que mesmo diante do meu estado comum de ansiedade e euforia constante, naqueles momentos sentia-me profundamente relaxada e a inspiração levou-me ao violão e posteriormente à cozinha onde desenvolvi uma nova receita (algo que me arrisco a fazer por amar os mistérios da arte culinária e a certa tendência a mexer em caldeirões).
Subitamente fui surpreendida com o estampido em altíssimo volume de um artefato contrariando toda a minha expectativa de dia eterno de paz total. Era um dos eufóricos amantes do futebol carioca esperando que seus guerreiros alvinegros, não sei se a cruz ou estrela fizesse sua adrenalina subir tão alto quanto aquele rojão. Lembrei então que tinha, no mínimo, que saber como foi a batalha final, considerando o fato de ser filha, companheira e amiga de alvinegros estrelas e cruzes. Então resolvi no 2º tempo, já sabendo pelo silêncio profundo que se fez logo após o início da partida, que até então, não havia qualquer ponto favorável a um dos times. Diante do que meus olhos viam - diga-se de passagem: naquela quase insuportável emissora – previ o que, creio, a maioria dos expectadores também.
Muitas vezes tenho a oportunidade de desfilar orgulho pelo time que adotei, então pensei quais alvinegros vencedores estariam em êxtase e também nos que estariam chorosos dessa vez. Entre os que não estariam felizes pensei de imediato num amigo que havia convidado a ir a casa dele assistir ao evento e do outro lado, na minha mãe e em alguém que me ligava a toda hora pedindo pra torcer. Lembrei também de um colega - amigo de trabalho que sempre troca comigo aquelas piadinhas de torcedores adversários e sexta-feira após retorno das férias, ele narrou a aventura que poderia ser intitulada: Um carioca em terras soteropolitanas– melhor sem dendê. Então imaginei que ele, PC, carioca botafoguense também participaria do ritual do day after.
Mas ... o day after poderia não existir, ou melhor, yesterday também.
PC, ainda acredito na perfeição da vida. Desejamos ao longo da estrada tantas coisas que às vezes ela não nos envia de imediato tudo o que pedimos, mas faz de tudo para que tenhamos condições de receber assim que possível, então quando isso acontece percebemos que não precisávamos de tudo aquilo e, o suficiente, o que nem sempre sabemos, é o que nos torna felizes.
Pense querido, que nesse momento mais uma gigantesca linda estrelinha não solitária brilha estampada no céu e que graças à nobreza da vida essa estrela, embora vista agora de maneira diferente, continuará emanando muita luz e alegria para nossos corações.
Um forte e carinhoso abraço da amiga Alê Melo

Nenhum comentário:

Postar um comentário